Novo exame facilita diagnóstico de intolerância à lactose



 
Um novo teste para identificar a intolerância à lactose em bebês e crianças está disponível no Brasil. A partir de uma amostra de saliva ou de sangue, o laboratório examina um gene específico para verificar se o paciente possui intolerância congênita, o quadro mais grave da doença, que impede a criança de ingerir inclusive leite materno.

Funciona assim: nosso DNA possui um determinado gene que regula a produção de uma enzima chamada lactase. Essa enzima é responsável por quebrar a lactose, açúcar presente em todos os tipos de leite, em duas partes menores, a glicose e a galactose. Essas partes menores podem ser absorvidas pelo organismo da criança. Porém, se houver um problema nesse gene, a enzima não é produzida e o açúcar do leite não é quebrado. Em sua forma original, a lactose não é absorvida pelo corpo humano. Se não for digerida, a lactose acaba sendo é fermentada por bactérias do intestino, levando à diarréia - o sintoma mais característico.

Como o leite materno é um dos alimentos mais ricos em lactose, a intolerância congênita se manifesta nos primeiros dias de vida do bebê. Por isso o diagnóstico é tão importante, explica Armando Fonseca, pediatra e diretor-médico do laboratório que desenvolveu o teste genético no Brasil. Se confirmado o problema, o pediatra provavelmente receitará aos pais uma fórmula sem lactose, que dará à criança os nutrientes e a energia necessária para que ela sobreviva sem o leite da mãe. O resultado do teste genético sai em aproximadamente uma semana.

Há outro tipo de intolerância à lactose, a chamada deficiência primária, mas essa só costuma se manifestar após a infância. Isso porque, assim como todos os mamíferos, nós não fomos “programados” para tomar leite a vida inteira. Há um segundo gene em nosso DNA que regula a produção de lactase ao longo da vida. O “normal” é que, com o tempo, nosso corpo produza menos enzima e tenha mais dificuldade para digerir o leite. Alguns organismos não manifestam essa dificuldade, mas boa parte de nós precisa abandonar o hábito de tomar leite. Esse segundo tipo de intolerância também pode ser identificado pelo teste genético.

O teste genético para intolerância congênita custa R$ 488. Há outros dois exames comuns para identificá-la: a prova de absorção e o hidrogênio exalado. O primeiro custa cerca de R$ 255 e o paciente ingere em jejum um líquido com dose concentrada de lactose durante duas horas. O laboratório coleta cerca de quatro amostras de sangue nesse intervalo de tempo para medir o nível de glicose (se ele não aumenta, é porque a lactose não está sendo digerida). No teste de hidrogênio exalado, o paciente também ingere uma solução de lactose e o ar expirado é medido em intervalos regulares. Como as bactérias que fermentam a lactose liberam hidrogênio, níveis elevados desse gás indicam intolerância.

INTOLERÂNCIA X ALERGIA

Não confunda intolerância à lactose com alergia ao leite, porque são dois problemas diferentes! A alergia é uma resposta imunológica do organismo à proteína do leite, que pode ser de vaca, de cabra, de búfala. O organismo entende essa proteína como um agente estranho que precisa ser combatido e desencadeia reações alérgicas como diarreia, urticária, asma e até febre. A intolerância está relacionada à falta de lactase e à incapacidade do organismo de digerir o açúcar do leite. Mas ambos precisam ser diagnosticados e tratados adequadamente, com o acompanhamento de um médico.
 
Fonte: Revista Crescer
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