Meningite (1-3 anos)

Beto Tchernobilsky



O que é meningite?

A meningite é uma inflamação da membrana que recobre o cérebro. É uma doença contagiosa que pode ser grave e que aparece e piora de repente. Existem diversos tipos de meningite. Os dois principais são a meningite viral e a bacteriana.

A meningite viral é a mais comum, e costuma ser menos grave (costuma ir embora em até dez dias, sem deixar sequelas). Já a forma bacteriana é menos frequente que a viral, mas pode levar à morte e a sequelas graves se não for tratada logo. Existem também diferentes tipos de meningite bacteriana (a meningocócica, a pneumocócica e a por Haemophilus influenzae tipo B são as principais).

Meningite é sempre uma doença grave, que pode se complicar rápido, colocando a criança em perigo. Dependendo do tipo, a meningite bacteriana pode ser fatal em entre 10 e 20 por cento dos casos, além de poder causar sequelas graves como surdez ou lesões cerebrais.

É imprescindível procurar atendimento médico rápido. A septicemia ou sepse (infecção generalizada) é uma grave complicação da meningite, que acontece quando a bactéria causadora da doença entra na corrente sanguínea e começa a se multiplicar.

É forma mais perigosa da doença, porque pode levar à morte em horas. Pode ser chamada também de meningococcemia, quando causada pelo meningococo, mas também pode acontecer quando o causador é o pneumococo ou o hemófilo.

A infecção generalizada por esse tipo de microorganismo pode ocorrer antes mesmo de a criança apresentar sintomas característicos de meningite, e provocar a morte em pouquíssimo tempo. Sempre que sentir que seu filho está muito doente e que alguma coisa está errada, procure atendimento médico.

Quais são os sintomas?

Um teste caseiro para tentar determinar se uma criança pode estar com meningite é pedir para que ela encoste o queixo no peito. Se não conseguir ou parecer difícil demais, vá para um hospital o quanto antes.

Os sinais nem sempre são os mesmos. O período de incubação é geralmente curto, mas costuma ser superior a 24 ou 48 horas. Os sintomas podem aparecer de forma extremamente rápida e em qualquer ordem, e alguns deles podem nem estar presentes. Podem ser parecidos com os da gripe, mas conforme avançam deixam evidente de que se trata de um quadro mais grave:
  • febre
  • dor de cabeça
  • náusea e vômitos
  • aversão à luz
  • pescoço rígido
  • manchas vermelhas ou arroxeadas na pele
  • prostração que não melhora quando a febre baixa
  • movimentos estranhos do corpo (convulsões)

Lembre-se: Não é preciso ter todos esses sintomas para desconfiar de meningite. No caso da meningococcemia ou da sepse, nem sempre uma característica mais fácil de distinguir, como o pescoço rígido, chega a aparecer. É preciso ficar atento aos seguintes sintomas:
  • febre com mãos e pés frios
  • palidez anormal ou excessiva; coloração azulada ou cinzenta em torno dos lábios e extremidades das mãos e dos pés
  • forte dor nas pernas, que impede a criança de ficar de pé
  • variações no estado de consciência: agitação ou letargia que pareçam estranhas
  • manchinhas vermelhas ou arroxeadas na pele
  • calafrios
  • respiração rápida ou irregular

Você pode usar o teste do vidro se estiver desconfiada de manchas vermelhas na pele do seu filho. Pressione a lateral de um copo de vidro transparente sobre as manchas. Se elas sumirem, não há motivo de preocupação. A erupção da meningite não desaparece, pois decorre de pequenas hemorragias sob a pele. Em caso de dúvida, procure atendimento médico o mais rápido possível.

No caso de crianças que não falam muito, a dor nas articulações ou nas pernas pode se traduzir em extrema irritação. Mãos e pés frios também não são raros em crianças com febre, especialmente se a temperatura estiver subindo (e você não tiver dado nenhum antitérmico). Fique alerta também para outros sinais, como respiração rápida e calafrios. Especialistas acreditam que, se os pais ficarem atentos a esses sintomas, vidas possam ser salvas.

Mesmo que não apareça nenhuma mancha vermelha nem rigidez no pescoço, se seu filho parecer estar piorando a cada hora que passa, leve-o ao pronto-socorro. Confie nos seus instintos.

Como a meningite é diagnosticada?

O diagnóstico é feito com uma punção na espinha: uma agulha é inserida na espinha para obter uma amostra de líquor (ou líquido cefalorraquidiano), que será examinada em laboratório. Embora muito desagradável, o procedimento leva poucos minutos e é feito no hospital, sem necessidade de anestesia.

O resultado preliminar sai em algumas horas, já com indícios sobre a causa da doença, se viral ou bacteriana. A análise posterior confirma o tipo de agente que está provocando a doença (se vírus ou bactéria, e qual bactéria).

Qual é o tratamento?

Se a meningite for viral, o tratamento se resume ao controle dos sintomas, hidratação e repouso. Ela costuma ir embora rápido, mas a sensação de cansaço e a dor de cabeça podem permanecer por mais tempo. Em casos raros, a meningite viral pode provocar uma encefalite, a inflamação do cérebro em si, e não só da membrana que o recobre. Caso isso ocorra, e dependendo do tipo de vírus que se suspeite, os médicos podem recorrer a remédios antivirais.

Pode ser que, mesmo em caso de meningite viral, os médicos prefiram que seu filho fique internado, para acompanhar melhor os sintomas.

A meningite bacteriana exige tratamento imediato com antibióticos potentes, direto na veia, por isso a criança precisa ficar no hospital -- nas primeiras horas, até mesmo na unidade de tratamento intensivo (UTI ou CTI). Quanto antes começar o tratamento, mais chances de a criança ser curada, por isso a importância de identificar logo a doença.

Como se pega meningite?

A maioria dos casos de meningite bacteriana surge de forma isolada, mas podem ocorrer surtos de meningite meningocócica. Os médicos receitam antibióticos preventivos para pessoas que estiveram em contato muito próximo com a criança doente (normalmente para quem mora na mesma casa ou colegas próximos de classe).

A transmissão ocorre na maior parte das vezes por gotículas de saliva, como as liberadas em espirros, e em adultos por beijos na boca. As bactérias que causam a doença muitas vezes são habitantes transitórios das mucosas do nariz e da garganta. É possível ter a bactéria sem ficar doente, ou seja, ser um portador são, e mesmo assim transmiti-la para as outras pessoas.

A meningite viral é transmitida como outras doenças causadas por vírus: por secreções orais (tosse, espirro etc.) ou por maus hábitos de higiene, como não lavar as mãos depois de usar o banheiro.

Antigamente, a meningite viral era também uma complicação de doenças infantis como sarampo e caxumba, mas a vacina tríplice viral praticamente eliminou essa forma da doença.

Dá para prevenir a meningite?

Hoje em dia, os bebês recebem várias vacinas que ajudam a evitar a meningite, como a contra a bactéria Haemophilus influenzae tipo B (Hib), a pneumocócica e a meningocócica, todas gratuitas dentro do Programa Nacional de Imunização.
Ainda não existe vacina eficaz contra os meningococos tipo B, responsáveis por cerca de metade dos casos de meningite meningocócica. Pesquisas indicaram que a exposição à fumaça do cigarro dentro de casa possa aumentar o risco de a criança ter meningite, além de infecções respiratórias.

Houve um caso de meningite na escola do meu filho. O que eu faço?

É importante que a escola notifique os pais das outras crianças para que eles fiquem atentos a eventuais sintomas. Caso seu filho tenha contato muito próximo com a criança afetada, ou seja especialmente propenso a adoecer, converse com o pediatra para avaliar a necessidade de um tratamento preventivo.

Para isso, você precisará saber se a criança doente teve meningite viral ou bacteriana. A profilaxia só é indicada no caso de doença causada por bactéria, em especial o meningococo ou o Haemophilus influenzae.

Não deixe de avisar a escola se seu filho contrair meningite, e especifique se se trata da forma viral ou bacteriana (e o nome do microorganismo causador, se identificado), para que os outros pais saibam o que fazer no caso de suspeita da doença. Se houver mais de dois casos no período de três semanas, estará estabelecido um surto. A meningite é uma doença de notificação compulsória aos centros de vigilância sanitária.
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