Brincar é coisa séria!

Brincar na escola de educação infantil é coisa séria!!




Brincando a criança se expressa, interage, exercita a criatividade, descobre o mundo que a cerca, descobre habilidades e experimenta sensações e emoções fundamentais para o seu desenvolvimento social e cognitivo. No entanto, é comum que a maioria dos pais ao buscar uma escola para o filho se preocupe apenas com as atividades pedagógicas oferecidas. É comum pensar que a escola representa um lugar sistemático de aprendizado, enquanto que o jogo, brinquedo ou brincadeira são simplesmente ferramentas de lazer ou pura diversão. 
Diante desta percepção é importante discutir: A escola de educação infantil é um lugar para se brincar e aprender; ou para se aprender brincando?  Para começar é interessante pontuar que através dos jogos e brincadeiras as gerações transmitem e constroem cultura.A brincadeira “carrega” invenções, valores e a reprodução dos modos de vida de um determinado tempo histórico, e através dela, as gerações se identificam e “conversam”. É através da brincadeira que ensaiamos “dirigir um carro”, cuidar de “filhinhos”. É através da brincadeira que experimentamos emoções importantes para a vida toda como a alegria de ganhar ou a frustração de perder um jogo. Brincar é a primeira forma de cultura, uma linguagem pela qual nos expressamos, nos identificamos e compartilhamos valores com nossos pais, irmãos, amigos. Portanto, a criança aprende muito sobre o grupo ao qual ela pertence e o lugar onde ela vive ao brincar, ou seja, ela aprende brincando!
Há ainda outras vantagens importantes do brincarpara aprender. Uma dela é que brincando a criança exercita a imaginação. Ao brincar a criança poderá criar uma situação imaginária ou simbólica. O simbolismo, ou seja, fingir que sou outra pessoa “fazer de conta”, atribuir funções aos objetos (por exemplo, brincar que um pedaço de madeira é um telefone), está relacionado com a capacidade de memória, atenção, percepção e pensamento que ao longo do crescimento vão se transformando em processos mentais superiores como se colocar no lugar do outro, planejar ações, que só evoluem porque interagimos com outras pessoas e com os objetos e brinquedos.
Sendo assim, ao brincar de casinha, por exemplo,podem estar envolvidas habilidades cognitivas importantes como o planejamento, a antecipação, resolução de problemas, atribuição de papéis, organização do tempo e do espaço. Ou seja, a criança aprende a utilizar e desenvolver habilidades cognitivas que serão fundamentais para a sua vida...tudo isso se divertindo! Brincando e aprendendo!
Além disso, ao simbolizar (brincar de faz de conta), usar gestos, criar e compartilhar nas brincadeiras a criança está se comunicando, mesmo antes de falar. Estes processos são fundamentais para a aquisição da fala. A fala é a última aquisição do processo comunicativo, e só chega lá aquela criança que usou gestos, que se comunicou durante o brincar, apontando brinquedos, mostrando aos outros seu brinquedo etc.. então é também brincando que a criança aprende a se comunicar!
Do ponto de vista social, a brincadeira também éfundamental porque promove a interação, exige da criança que ela ceda, se coloque no lugar do outro, se expresse de forma clara e reafirme a imagem de si próprio que ela tem (por exemplo, é brincando com outras crianças que se descobre o que o outro pensa de mim, qual meu papel no grupo, como o grupo me enxerga, etc..)
Enfim, brincar na Educação Infantil é a melhor e mais adequada ferramenta pedagógica! Seja brincando livremente ou com orientação, ao brincar a criança está em plena atividade de aprendizagem! Por isso também em casa as crianças devem ser estimuladas e respeitadas no seu brincar! 

Por Simone Steyer Lampert
Doutoranda em Psicologia


Referências deste texto:
LEONTIEV, A.N. (1998).Uma contribuição à teoria do desenvolvimento da psique infantil. In: VYGOTSKY, L.S. et al. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone.
FORTUNA, Tânia Ramos. O brincar na educação infantil. Revista Pátio – Educação Infantil. Ano I - Nº 03, Dez. 2003 – Mar. 2004.
PIAGET, J. (1975). A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem e representação. 2. e., Rio de Janeiro: Zahar.
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