Nós colocamos as crianças na cama, cobrimos até a altura do peito e conferimos se os pézinhos estão cobertos.
Nós juntamos brinquedos do chão, hoje, amanhã, e depois, sempre nos perguntando como conseguem fazer tanta bagunça.
Nós abrimos vidros de requeijão, raspamos todos os cantinhos do pote quase vazio, e passamos em torradas integrais para servir no café da manhã.
Nós esticamos as mãos, e pegamos no colo, permitindo que perninhas se entrelaçem nas nossas cinturas, enquanto secamos lágrimas e dizemos que vai ficar tudo bem.
Nós fazemos lições de casa, ensinamos subtração, e escrevemos inicias com canetinha em etiquetas de uniforme.
Nós sacudimos termômetros, e damos remédio com uma mão, enquanto usamos a outra mão para segurar o copo de água escondido atrás das costas.
Nós enchemos a banheira, lavamos bumbuns, e esfregamos bem para tirar todo o resto da pomada anti assadura que insiste em não sair.
Nós descascamos laranjas enquanto falamos no telefone, e sentimos mãozinhas agarrarem nossas pernas.
Nós viramos a noite, esquentamos bolsas de água quente, cantamos baixinho, e andamos na pontinha dos pés para não acordar mais ninguém.
Nós fazemos comida, assopramos, e abrimos nossa própria boca enquanto levamos o aviãozinho para o destino final.
Nós usamos a pontinha do dedo para balançar o dente que está mole, e penteamos cabelos embaraçados, segurando perto da raiz para não doer.
Nós ajoelhamos próximas ao vaso do banheiro, e com ambas as mãos seguramos uma criança que está com ânsia de vomito, enquanto repetimos que já já vai melhorar.
Nós secamos roupas de ballet e uniformes de futebol com secador, já que parecem nunca secar a tempo no dia da apresentação.
Nós usamos lápis de olho para fazer sardinhas e bigodes juninos, e colocamos gel, e fazemos tranças.
Nós passamos protetor solar com uma mão, e usamos todas as outras partes do corpo para segurar pessoinhas que querem fugir para a água.
Nós cortamos unhas, enquanto contamos histórias sem pé nem cabeça, tentando distrair a criança para que não puxe a mão.
Nós montamos árvores de natal, enchemos bexigas, e enrolamos docinhos.
Nós ajudamos a levantar, damos beijos analgésicos, enrolamos pedras de gelo em panos de prato, e aplicamos nos dodóis, que é para não inchar.
Nós amassamos bananas, lemos rótulos, e escondemos brócolis embaixo do arroz.
Nós levamos no oculista, no parque, na escola, e nas festinhas.
Nós ficamos na fila do brinquedo, do pronto socorro, da estréia do filme, e da sorveteria na praia.
Nós fazemos coisas que parecem simples. E provamos diariamente que o amor, o maior amor do mundo, mora mesmo é nas coisas simples.
Feliz dia das coisas simples, feliz dia do amor, feliz dia das mães.
Por Rafaela Carvalho. (Facebook: A Maternidade por Rafaela Carvalho)